O clima no Club Sportivo Sergipe se tornou tenso após uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo, realizada na última terça-feira, que culminou na instauração de um processo de impeachment contra o atual presidente do clube, Júnior Torres. A decisão foi motivada pela apresentação de diversas supostas irregularidades em sua gestão, que agora serão minuciosamente investigadas pelo Conselho Fiscal do clube.
Um dos principais pontos de controvérsia levantados durante a reunião envolve a destinação da renda obtida na partida entre Itabaiana e Sergipe, válida pela segunda fase do Campeonato Sergipano. O montante arrecadado pelo time alvirrubro, superior a R$ 16,5 mil, teria sido transferido para a conta de uma empresa supostamente ligada a uma pessoa próxima ao presidente Júnior Torres, ao invés de ser depositado nas contas oficiais do clube. Essa movimentação financeira atípica levantou sérias dúvidas entre os conselheiros sobre a lisura da operação e a transparência na gestão dos recursos do clube.
Outra grave denúncia apresentada diz respeito a um bilhete de passagem supostamente fraudulento, utilizado por Júnior Torres para justificar sua ausência em uma reunião previamente agendada pelo próprio Conselho Deliberativo. Após diligências realizadas por alguns conselheiros junto à empresa responsável pela emissão da passagem, constatou-se que o bilhete havia sido cancelado e que o presidente solicitou o reembolso do valor. Tal fato gerou grande desconfiança sobre a veracidade da justificativa apresentada e a conduta do dirigente.
Além das questões financeiras e da justificativa de ausência, o Conselho Deliberativo também questionou a falta de um contrato formal na negociação de um atleta das categorias de base do Sergipe. O jogador foi vendido para um clube europeu por um valor aproximado de R$ 140 mil, quantia que foi devidamente depositada na conta do clube. No entanto, a ausência de um registro contratual formal da transação levanta questionamentos sobre a legalidade e a transparência do negócio, preocupando os conselheiros quanto à proteção dos direitos do clube e do atleta.
Um dos integrantes da comissão de impeachment, o conselheiro Wilson Nunes, revelou ainda outra preocupação: “Ontem também foi apresentada a venda de mais um jogador da base para o Náutico que o Conselho não teve conhecimento. Essas supostas irregularidades acarretaram no pedido de impeachment do atual gestor do Sergipe”.
Diante da gravidade das denúncias apresentadas, o Conselho Deliberativo do Sergipe agiu prontamente, criando uma comissão especial encarregada de conduzir o processo de impeachment. A comissão é composta por dois conselheiros: Wilson Nunes e Dr. Luiz de Pádua. O presidente Júnior Torres teve a oportunidade de indicar um terceiro membro para integrar a comissão, mas optou por não se manifestar, o que aumenta a tensão e a incerteza em torno do futuro da gestão do clube. O desenrolar das investigações do Conselho Fiscal será crucial para determinar o futuro de Júnior Torres à frente do Club Sportivo Sergipe.